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Sabado, 02 de Novembro de 2024

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Tubaína, mortadela e um jogo na Fonte Luminosa!

Professor Alexandre José Pierini - Uniara!

Tubaína, mortadela e um jogo na Fonte Luminosa!
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O ano ele não se recorda de maneira exata, mas tem a certeza de que aquela partida de futebol entre a Ferroviária de Araraquara e o Palmeiras foi disputada às onze horas da manhã de um domingo.
 
Naquele dia, acordou bem cedo, como de costume, foi até à padaria do Santana, que fica na esquina da Cristovão Colombo com o antigo ginásio Narciso da Silva Cesar, comprou alguns pães, um litro de leite tipo C e algumas gramas de mortadela. O café já estava pronto, a mãe havia providenciado às seis da manhã.
 
Estava ansioso para assistir ao jogo na Fonte Luminosa, por isso, resolveu fazer tudo às pressas, pois o Estádio ficava distante e como tinha que ir a pé, era prudente sair umas duas horas antes da partida começar para não se atrasar. Como todo menino ansioso, saiu logo às oito e meia da manhã e foi em direção ao Parque Infantil, onde havia marcado com alguns colegas de se encontrarem.
 
O calor era escaldante, atravessaram a rua três e foram em direção a rua dois, para depois pegarem a Bento de Abreu em direção à Fonte Luminosa. No caminho, resolveram fazer um pit stop na sorveteria do Kawakami, na esquina da rua três com a Borges Correia, cada um pegou um picolé e foram falando dos astros que estariam em campo, pelo lado da Ferroviária, Douglas Onça e sua turma, de outro, Jorginho Putinatti, Eneas, jogadores de seleção brasileira.
 
As peripécias de menino não podiam faltar, para chegarem mais rápido, iam apertando a campainha das casas e depois saiam correndo para não serem pegos em flagrante e ouvirem palavrões mais pesados, alguns, levavam bodoques e sacos de mamonas para derrubar as frutas das árvores alheias. Pelo caminho, a molecada ia aprontando e deixando marcas por onde passava.
 
Quando chegaram ao estádio, a fila para comprar ingresso era longa, a movimentação era intensa. Os camelôs vendendo as camisas falsificadas e relativamente baratas, as bandeiras do Palmeiras estendidas pelo caminho, algumas nos varais improvisados, outras nas costas dos torcedores mais fanáticos.
 
Como já estavam acostumados com os torcedores da Ferroviária e a turma da Boca do Lixo, resolveram ir ao portão de entrada da torcida visitante, lá, encontraram alguns ônibus, lotados de torcedores vestindo verde e branco da cabeça aos pés.
 
Conheceram um jovem japonês que usava uma camiseta da torcida TUP – Torcida Uniformizada do Palmeiras, que levava consigo um bumbo gigante e percebeu que havia uma verdadeira bateria de escola de samba para entrar no estádio. A polícia fazia a ronda do local e dava “geral” na “galera”, afinal, a torcida do Palmeiras não possuía fama de ser muito boazinha e para evitar briga a escolta era pesada.
 
A molecada assistiu ao jogo do alambrado, alguns mais exaltados se penduravam e o balançavam de forma violenta, tinha a impressão de que aquilo fatalmente viria ao chão. O cachorro da PM estava sempre com a boca aberta esperando algum espertalhão invadir o campo de jogo, alguns torcedores ofendiam o bandeirinha intensamente, outros, tentavam acertar o assistente com laranja, rádio, chinelo e outros pertences. Aquilo tudo parecia ser muito engraçado e pareceu ser lugar comum do futebol brasileiro. O futebol brasileiro realmente se parecia com um circo, teve essa impressão.
 
Como o jogo acabou com a vitória do Palmeiras por três a dois e ainda com gol no final, saíram do estádio sem entender nada, eles esperavam o empate, mas tudo aquilo deu muita fome e já era quase uma hora da tarde. Na volta para casa, pararam no bar próximo ao Batalhão da Polícia na Vila Ferroviária.
 
- “Seu Geraldo, pode descer uns cinco pães com mortadela e umas duas tubaínas. Esse jogo da Ferrinha deu uma fome danada!”, disse um dos moleques, morto de fome e de sede, louco para chegar em casa.
FONTE/CRÉDITOS: Professor Alexandre José Pierini - Uniara
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