A paciência nunca foi uma virtude do torcedor de futebol. Isso é imperativo quando se olha os campos de futebol de forma geral, seja presencial ou mesmo através das transmissões: roedores de unha, provocações aos adversários, cantos de guerra e tudo mais.
A inquietação e a ansiedade são marcas contínuas do público, seja o torcedor adolescente ou mais velho, seja o time da primeira ou da última divisão, não interessa, o gol sempre será iminente e não interessa a eles que do outro lado existe um oponente a altura em campo.
Se o adversário é melhor ou não, se tem melhores jogadores ou não, caro leitor, nada interessa. O time dele tem que ganhar a todo custo e forma. O torcedor de futebol já nasce ansioso e preguiçoso à derrota. O torcedor só reconhece a vitória como resultado, como se só tivesse essa possibilidade, o empate e a derrota fazem parte de um universo paralelo, e só existem na cabeça dos outros.
Nas derrotas, a culpa sempre é do próprio time, nunca mérito dos adversários. O passe magistral que o oponente deu para o gol, em última análise, é culpa do meio campista, dos zagueiros, dos volantes, menos da capacidade “artística” do adversário. O torcedor de futebol é a personificação da arrogância e do narcisismo, como fala Nelson Rodrigues. A humildade não é uma virtude cultuada por esse pessoal que gosta de futebol, claro que pode existir poucas exceções. O seu time é o melhor e ponto. E mesmo que não seja, nessa questão, ninguém discute.
Todo torcedor conhece como nunca o futebol. Tem aqueles que conseguem acertar a escalação, outros que conhecem grandes esquemas táticos, tem aqueles que sabem como o jogador deve “bater” na bola, tem até aqueles que gostam de ensinar como se faz, sem nunca terem feito. Esse é o mundo do futebol, recheado de fantasias e frustrações.
A paixão e a pieguice andam juntas quando o assunto é o torcedor de futebol. Qual o limite entre elas ninguém sabe ao certo. A linha entre a razão e a emoção é muito tênue e, muitas vezes, invisível, por isso, ufanismo e violência dão as mãos na mesma proporção quando o assunto é futebol.
Há quem diga que o universo do torcedor é megalomaníaco e o mundo das arquibancadas é uma caixa de virtudes às avessas.
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