Um olhar, uma luz, sinal dos tempos estampado no rosto, voz firme e mãos certeiras. Um senhor fala com a gente encostado a um portão, indicando o local exato onde estacionar o carro.
Prazer, sou Agostinho Brandi! Nos disse com voz forte e dissonante.
Impressionante como Shakespeare é muito contemporâneo quando dizia “que o tempo é o senhor da razão”. Agostinho Brandi é a contextualização exata da frase, mesmo com a idade em estágio avançado e aparentando uma solidão sublime se exprime de maneira muito racional e lúcida, apontando caminhos e ideias, típica dos homens formadores de opinião.
Sentado a uma mesa no melhor estilo retrô e apartamento com decoração dos anos oitenta, trouxe uma visão familiar ao contexto e levou a uma alegria inenarrável e contagiante a todos.
Na conversa, nos fez relembrar da sua carreira como jogador de futebol, o nascimento do América Futebol Clube de São José do Rio Preto e da Associação Ferroviária de Esportes e a incrível luta de Pereira Lima para fundá-los e torná-los duas potências do futebol do interior paulista.
Com uma memória fantástica, Brandi nos conta os bastidores do primeiro treino da Associação Ferroviária de Esportes numa fazenda localizada próxima ao bairro Igaçaba no ano de 1951, e com detalhes nos lembra da conversa com o treinador, narrando com muita propriedade como se tornou o primeiro goleiro a entrar em campo em um jogo oficial pela Ferroviária.
O ponto alto do bate papo foi quando Brandi nos contou detalhes do jogo de estreia do Estádio da Fonte Luminosa – jogo em que a Ferroviária fez contra o Vasco da Gama no ano de 1951. O Vasco da Gama era a base da seleção brasileira e o placar de 5 x 1 para o Vasco, segundo Brandi não refletiu o que foi o jogo, pois a Ferroviária perdeu muitos gols, mas Ademir Menezes, centroavante do Vasco era um jogador fantástico.
A intelectualidade de Agostinho Brandi não podia ficar de fora do bate papo – ele mostrou seu gosto por partituras e falou sobre os livros que pretende lançar. A sua influência política na cidade de São José do Rio Preto está estampada e marcada no tempo e no espaço, uma vez que existe uma escola com seu nome, uma justa homenagem para quem fez tanto pela cidade, seja como professor ou mesmo como secretário na administração pública.
E ainda sobrou tempo para nos levar para almoçar com direito a pagar a conta e tudo o mais e dar uma “corridinha” ao banco para resolver problemas pessoais.
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