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Domingo, 18 de Maio de 2025

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A torcida que perdeu o time de futebol!

Professor Alexandre José Pierini - Uniara!

A torcida que perdeu o time de futebol!
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Ele acostumava ir ao estádio de futebol com o seu pai, chegava cedo, se sentava no concreto da arquibancada e pegava o saco de amendoim com casca que a dona Adriana passava vendendo sob o sol escaldante, ele gostava de ouvir o som da casca do amendoim se abrindo e entre um e outro, dava um gole no refrigerante.


Ao longe, do outro lado do estádio, acostumava ver as torcidas organizadas chegando, alguns com faixas, outros com instrumentos musicais: o pandeiro, o tamborim, o bumbo, as faixas com os nomes das torcidas eram estendidas no alambrado e alegravam o ambiente, aos poucos, o estádio ia lotando, as pessoas iam chegando e a expectativa para o jogo só aumentava e tornava o clima especial.


Tempos depois, resolveu voltar ao estádio, já sem o pai, mas percebeu que o clima não era o mesmo para as partidas do time de futebol, a torcida não apareceu, o nome do time havia mudado a algum tempo, a diretoria mudou o nome do estádio, as torcidas organizadas sumiram, avistou de longe uma meia dúzia de pessoas falando “palavras de ordem”, e teve a impressão de que a “organizada” do time se resumia aquele amontoado, os instrumentos que dão voz ao samba, também estavam ausentes, ouviu dizer que eram proibidos em estádios de futebol e por um segundo pensou que não existe mais a harmonia entre a cadência do samba e o esporte bretão.

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A Dona Adriana não apareceu para vender amendoim, disseram que agora, não era mais permitido vende-los sem ter licença e ela custa caro, a cerveja não podia ser consumida, de acordo com outros torcedores, ela causa confusão e briga entre as torcidas, o refrigerante e a pipoca ainda podem ser consumidos, mas o preço “está o olho da cara” de tão caro, o futebol ficou chato demais, reclamou com um torcedor ao lado.


Ficou triste. O estádio tinha poucas pessoas assistindo o jogo de futebol, em outrora, ele ficava lotado e não importava o adversário e nem a divisão, agora pode se ouvir o som do silêncio, até o toque da bola se ouve da arquibancada, os torcedores não ficam mais nos alambrados, uma prática rotineira da torcida que se perdeu no tempo e no espaço tendo em vista a “modernidade” que assolou o futebol.


Em conversa com outros torcedores descobriu que o time foi vendido para um empresário que mora na Terra do Nunca e que nunca pisou o solo da cidade. Durante a semana visitou o museu do time e percebeu que as taças conquistadas através da história estavam jogadas em um canto da sala, as faixas de campeão e flâmulas amontoadas em uma gaveta qualquer de uma estante velha e empoeirada, e assim, a história se fez passado e o passado já não existe mais, embora o time “ainda” exista, a torcida me parece que ficou no passado, o presente não lhe interessa e o que restou segundo as suas impressões foram as arquibancadas vazias e o som do silêncio e ficou com a percepção de que a torcida perdeu o time de futebol.

FONTE/CRÉDITOS: Professor Alexandre José Pierini - Uniara!
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